NEXT ECONOMY:
Se não os consegues 
vencer junta-te a eles!

 

É assim que as dotcom estão agora a fazer alianças e parcerias ou a prestar serviços às empresas que antes haviam elegido como concorrentes a abater.

Em tempos de crise não se limpam armas! Após a euforia que muitas vezes 'cega' os gestores, é altura de fazer um balanço sobre o passado e introduzir correcções para assegurar o futuro.

Por: Joaquim Hortinha in Jornal de Negócios
2001-05-17


Na sua maioria, as dotcom surgiram no mercado com uma postura arrogante de vencedor antecipado, condenando os sectores da economia que se mostrassem renitentes ao seu poder. Esta postura de conquistador levou mesmo a que inventassem a existência de uma "Nova Economia". Esta, baseada em 'industrias de informação' e tendo como pilares de sustentação atributos como diferenciação, costumização, transparência, personalização, rede e velocidade iria conquistar rapidamente o espaço de uma "Velha Economia", baseada em 'industrias de produção' e onde os pilares de sustentação eram ainda standardização, escala, replicação, eficiência e hierarquias.


Assim avançaram sem medo, na maior parte das vezes sem um plano de negócio sustentado, quase sempre com pouco know-how sobre os mercados que pretendiam atingir, mas sempre com um suporte accionista muito forte e com objectivos de conquista rápida de quota de mercado. Estes objectivos obrigaram a um posicionamento suportado por "serviços de excelência, com alto valor acrescentado, prestados a custo zero, por profissionais experientes e altamente bem pagos, a clientes desconhecidos e não fidelizados.*" O resultado são fracassos como o eToys (www.etoys.com) que se apresentava como um "challenger" do Toys R Us e cujo fecho foi recentemente anunciado. Exemplos como este vão-se tornando mais frequentes a cada dia que passa e as dotcom já começaram a perceber que para sobreviver não podem continuar a lutar contra os "gigantes da Velha Economia".


"Quando não os consegues vencer" e queres sobreviver, só existe uma alternativa: "junta-te a eles". O que está a acontecer não é mais do que uma aplicação à gestão de um conhecido ditado popular.


É assim que as dotcom estão agora a fazer alianças e parcerias ou a prestar serviços às empresas que antes haviam elegido como concorrentes a abater. São exemplos desta nova postura no mercado a Amazon ( www.amazon.com ) que passou a assegurar a plataforma de e-commerce da Borders ( www.borders.com ), tendo como contrapartida a utilização das lojas físicas desta empresa como local de entrega de encomendas aos seus clientes.


Da mesma forma e depois de desafiar também a Toys R us, a Amazon é a agora o braço direito desta empresa para o comércio online. Também o ebay ( www.ebay.com ) se juntou à AutoTrader, uma empresa de venda de carros usados, para assim enriquecer esta sua categoria de leilões. A própria Expedia ( www.expedia.com ), uma das principais referências em termos de viagens online, está a comercializar o seu know-how e tecnologia, assegurando por exemplo o funcionamento do site da companhia aérea Continental ( www.continental.com ).


Esta postura, de algum modo já traduzida em alianças como a da AOL ( www.aol.com ) e da Warner ( www.warner.com ) e que inspirou a aquisição da Lusomundo ( www.lusomundo.net ) pela PT Multimedia (www.pt-multimedia.pt), é cada vez mais a tábua de salvação das dotcom que só assim conseguem crescer e prosperar. À medida que este sector amadurece, os seus líderes estão a abandonar a estratégia de Pure Players e a integrar-se com as empresas da Velha Economia. Esta movimentação está a provocar uma mudança de mentalidade destas últimas empresas e conjuntamente com a evolução tecnológica baseada no conceito de multiplataformas e o facto de os utilizadores poderem passar a estar sempre online ("always online"), deu origem ao que já é chamado de Next Economy. Esta última agrega o que de melhor existe na Nova e na Velha Economia.


Uma das mais importantes preocupações das empresas da Next Economy é a rentabilidade dos seus activos, os quais devido aos vultuosos investimentos efectuados, na sua maioria motivados pela euforia, estão em geral sub-aproveitados. Para além dos exemplos já referidos, outra forma de rentabilização que tem vindo a ser utilizada com sucesso, nomeadamente pelo Yahoo ( www.yahoo.com ), passa pela extensão do negócio da sindicância de conteúdos a empresas, para colocação em Intranet. Muitas começam a adoptar este processo para limitar o acesso à Internet dos seus funcionários e dar-lhes um ambiente semelhante, mas com conteúdos seleccionados por si.


Em resumo, o conceito tecnológico das multiplataformas, a nova postura das empresas dotcom e o "always online", serão os pilares de uma nova revolução - a Next Economy.

Joaquim Hortinha
Professor Universitário e autor do livro e-marketing, Edições Sílabo - 2001
webmaster@e-marketinglab.com
www.e-marketinglab.com 

NOTA: Este artigo é baseado na intervenção do autor na Conferência Webmarketing XXI, que decorreu na FIL, em 3 de Maio último, estando a apresentação efectuada disponível em www.e-marketinglab.com.

* Anónimo de Lisboa

 


Resumo Curricular do Autor


Joaquim Hortinha, Setembro de 2000

Licenciado em Engenharia Electrotécnica e Computadores pelo IST (Instituto Superior Técnico), MBA pelo ISCTE (Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa) e Mestre em Ciências Empresariais pelo ISCTE. Actualmente é Professor do ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão), onde assegura a docência da disciplina de e-Marketing nos Cursos de Pós-Graduação de Marketing Management e e-Business. Colabora ainda na disciplina de Marketing de Serviços do Mestrado em Ciências Empresariais do ISCTE. Leccionou no MBA de Marketing do CEDEPE no Recife-Brasil e exerceu ainda actividades de docente e consultor/formador no ISCTE, IPAM (Instituto Português de Administração de Marketing), Universidade Lusófona, Fundetec, Grupo Egor, INETI (Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial), Instituto de Merchandising e Editora McGraw-Hill.

Subdirector de Negócios Internet da ONI Telecom, detendo a responsabilidade pelo Marketing e Vendas. Foi anteriormente Marketing Manager do portal Sapo e Director Adjunto de Marketing da TV Cabo Portugal. No seu percurso profissional são ainda de referir a Schneider Electric Portugal, como Marketing Manager e Key Account e a Brisa-AutoEstradas de Portugal, como Coordenador de Projectos. É autor do livro E-Marketing - Um Guia para a Nova Economia, lançado em 29 de Janeiro de 2001, co-autor do livro Marketing Internacional, considerado como livro do ano de 1998 pela revista Executive Digest e autor de diversos artigos de opinião nas áreas de gestão e marketing, publicados quer em jornais e revistas de carácter científico, quer de informação geral. Actualmente tem uma coluna mensal sobre Marketing no Jornal de Negócios, no Suplemento de Negócios & Estratégia. Tem como principais hobbies a Investigação Cientifica e o Golfe.

 

Contacto:
Joaquim Hortinha 
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