Publicidade online

Que indicadores para medir o sucesso?


 



Por: Joaquim Hortinha
in Jornal de Negócios
2002-06-06


Porque são os indicadores críticos?

Sendo a área da publicidade «online» a mais jovem das alternativas em termos de «mix» de media e sendo ainda tão pouco conhecida quer de anunciantes, quer de agências, torna-se fundamental para a sua aceitação e desenvolvimento, que existam indicadores de medida consistentes e credíveis, pois só assim conseguirá ganhar importância face aos media tradicionais, como a TV, a rádio, a imprensa ou mesmo os outdoors. A sua quota actual, nos poucos planos de meios em que é contemplada, não ultrapassa os dois a quatro por cento do «budget», sendo que, segundo o IAB (Interactive Advertising Bureau – www.iab.net ), a quota óptima deverá situar-se entre os 10 e os 12%.


Uma ‘religião’ chamada CTR (Clickthrough Rate)

É mais ou menos empírico para os conhecedores deste meio que o indicador mais importante para medir o sucesso de qualquer campanha na Web é o CTR («Clickthrough Rate»), que mais não é que o quociente entre o número de «clicks» efectuados no anúncio, e consequentemente o número de visitas geradas para o endereço para onde este está encaminhado, e o número total de impressões que o mesmo teve. Este indicador é de tal modo respeitado, que o mercado viu surgir ofertas de espaço publicitário na Internet baseadas em pagamento ao click, como a oferta da Value Click ( www.valueclick.com ), pomposamente denominada de modelo CPC («Cost per Click»), já aqui referida em artigo anterior. De facto não há nada de mais errado que esta conclusão, como se procura fundamentar nas linhas abaixo.


Objectivos diferentes, indicadores diferentes

O primeiro aspecto a ter em conta por qualquer anunciante é que os indicadores que são importantes para si, não serão certamente os mesmos que são importantes para outros anunciantes, pois cada um tem os seus objectivos, logo terá certamente indicadores mais adequados a medir, para saber se os atingiu, os quais podem não ser apenas canalizar tráfego para um determinado endereço na Web. Vejamos algumas situações práticas.

Um anunciante pode pretender notoriedade para a sua marca ou endereço Web. Quando assim é, o número de visitas canalizadas de imediato pelo anúncio não é o mais importante, mas sim que os internautas fixem o endereço e o venham a visitar. É por esta razão que muitas vezes o endereço que se pretende promover faz parte do anúncio. Temos que pensar que se o anúncio não tiver qualquer indicação do endereço que se está a promover só saberão do que se trata os internautas que efectuarem o click. Dado que o CTR médio para um banner anda em torno de 1% ou abaixo, estaremos claramente a desperdiçar contactos, se optarmos por não indicar o endereço. Por exemplo, no momento em que escrevo este artigo, na homepage do Clix existe um banner para promover ‘podesfugirmasnaotepodesesconder.net’, o que é? Só sabemos se clickarmos no mesmo. Se por um lado a curiosidade pode aumentar o CTR, por outro lado estaremos a desperdiçar contactos se o objectivo for notoriedade. Voltando ao exemplo do Clix, trata-se da página Web dos DaWeasel, um grupo musical português. Um produto perfeitamente segmentado e que provavelmente teria mais a ganhar se fosse devidamente identificado no anúncio.

Continuando a navegar na Web, passo pelo IOL ( www.iol.pt ) e encontro um banner da SIVA a promover a sua nova página, que permite aquisição de viaturas. Neste caso claramente identifico no próprio anúncio o endereço da página ( www.sivaonline.pt ). Trata-se de um anúncio que pretende gerar notoriedade e não visitas imediatas. Esta situação parece mais adequada na medida em que, nem todas as pessoas que visualizam o anúncio estarão de imediato interessadas em adquirir carro, mas ficarão a saber que quando o quiserem fazer existe oferta online da SIVA. De acordo com alguns especialistas do sector os anúncios na Web, só não devem conter endereços quando o seu objectivo seja a captação de tráfego para um qualquer evento que se esgote no tempo, como seja a participação num jogo ou num passatempo que permita ganhar prémios. Neste caso, para o internauta, o importante é saber que prémios estão em jogo, como os pode ganhar e até quando, pouco importando no imediato quem promove o passatempo.


A questão do CTR ‘fabricado’

Um outro aspecto que deita por terra o CTR é que o mesmo pode ser ‘fabricado’, isto é, a criatividade do anúncio e o seu formato podem influenciar o número de clicks que vai gerar, sem que isso signifique necessariamente que o internauta pretenda interagir com o anúncio. Simplesmente pode estar a tentar livrar-se dele, por estar entre si e o conteúdo que pretende visualizar. Ao efectuar este movimento, pode em alguns casos efectuar um click involuntário, o qual conta obviamente para as estatísticas. Um exemplo, entre os cada vez mais frequentes, é o Intersticial da Galp Energia no Mais Futebol ( www.maisfutebol.iol.pt ). Quando acedemos ao Mais Futebol e tentamos ver o desenvolvimento de uma qualquer noticia aparece este «intersticial», o qual não tem qualquer possibilidade de ser interrompido. A tendência de qualquer internauta é clickar com a esperança que o mesmo desapareça, mas o que acontece é que se vai parar ao site da Galp Energia e temos de tornar a entrar no Mais Futebol e ver mesmo a animação até ao fim…isto se quisermos ver o conteúdo pretendido. Situações, como a descrita, geram inúmeros clicks, não sendo de surpreender que este tipo de campanhas tenha valores de CTR superiores a 10%. Um sucesso para qualquer pseudo-entendido na matéria e um orgulho para o criativo do anúncio.

Estes, entre outros aspectos pretendem ajudar a desmistificar a questão do CTR. Em artigos posteriores, voltarei a este tema, nomeadamente à apresentação das ferramentas de «tracking», como as propostas pela Double Click, que permitem saber se um internauta que visualizou um determinado anúncio, em que o endereço era apresentado, o visitou posteriormente, utilizando directamente o browser.

 

GLOSSÁRIO


Banner – Mensagem publicitária ou promocional que é colocada numa página Web, que pode estar ou não associada a um link para a página web do anunciante.

Browser – Aplicação de cliente utilizada para aceder a documentos em hypertexto e a outros serviços localizados em inúmeros servidores remotos através da WWW e da Internet.

Click – Métrica que mede a reacção de um utilizador a um anúncio de Internet. Oportunidade de um utilizador fazer o download de outro ficheiro fazendo click num anúncio publicitário ou o resultado de uma interacção mensurável com um anúncio publicitário ou uma keyword que liga ao website do anunciante ou a outra página ou frame dentro do mesmo website.

CPC (Cost Per Click) – É uma modalidade de preço da publicidade online em que o anunciante paga por cada click que os utilizadores efectuarem no seu anúncio, dando origem a uma visita ao seu site.

CTR (Clickthough Rate) – Taxa de respostas de um anúncio online. Em geral é uma percentagem resultante da divisão do n.º de clickthroughs pelo n.º de impressões. Ex.: (20 clicks/1000 impressões) * 100 = 2% CTR

Impressão – Unidade de medida referente à passagem de um anúncio na web ou de uma web page. Segundo o IAB ( www.iab.net ), a Impressão de um anúncio na web é a medida das respostas de um sistema de entrega de anúncios, ao pedido do browser de um utilizador.

Intersticial - Anúncio que aparece numa nova janela entre duas páginas de conteúdos. Por vezes também é chamado de anúncio de transição ou intermercial (exemplo em http://www.eyeblaster.com/demo/nbcinterstitial ).

Tracking – Funcionalidade que permite ‘seguir os passos’ de um determinado utilizador de Web. Na prática consiste no envio de uma cookie para o browser do utilizador, que o vai identificar quando ele desenvolver uma qualquer acção. É esta funcionalidade que permite, por exemplo, verificar que utilizadores visualizaram um determinado anúncio e visitaram posteriormente o endereço publicitado no mesmo.



Joaquim Hortinha

Professor Universitário, Autor do livro e-Marketing - Um Guia para a Nova Economia. Comentários para autor e editor para
webmaster@e-marketinglab.com


Resumo Curricular do Autor


Joaquim Hortinha, Setembro de 2000

Licenciado em Engenharia Electrotécnica e Computadores pelo IST (Instituto Superior Técnico), MBA pelo ISCTE (Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa) e Mestre em Ciências Empresariais pelo ISCTE. Actualmente é Professor do ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão), onde assegura a docência da disciplina de e-Marketing nos Cursos de Pós-Graduação de Marketing Management e e-Business. Colabora ainda na disciplina de Marketing de Serviços do Mestrado em Ciências Empresariais do ISCTE. Leccionou no MBA de Marketing do CEDEPE no Recife-Brasil e exerceu ainda actividades de docente e consultor/formador no ISCTE, IPAM (Instituto Português de Administração de Marketing), Universidade Lusófona, Fundetec, Grupo Egor, INETI (Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial), Instituto de Merchandising e Editora McGraw-Hill.

Subdirector de Negócios Internet da ONI Telecom, detendo a responsabilidade pelo Marketing e Vendas. Foi anteriormente Marketing Manager do portal Sapo e Director Adjunto de Marketing da TV Cabo Portugal. No seu percurso profissional são ainda de referir a Schneider Electric Portugal, como Marketing Manager e Key Account e a Brisa-AutoEstradas de Portugal, como Coordenador de Projectos. É autor do livro E-Marketing - Um Guia para a Nova Economia, lançado em 29 de Janeiro de 2001, co-autor do livro Marketing Internacional, considerado como livro do ano de 1998 pela revista Executive Digest e autor de diversos artigos de opinião nas áreas de gestão e marketing, publicados quer em jornais e revistas de carácter científico, quer de informação geral. Actualmente tem uma coluna mensal sobre Marketing no Jornal de Negócios, no Suplemento de Negócios & Estratégia. Tem como principais hobbies a Investigação Cientifica e o Golfe.

 

Contacto:
Joaquim Hortinha 
webmaster@e-marketinglab.com

 


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